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Ajuste mais intenso na Selic se solidifica

Em meio à deterioração no balanço de riscos para a inflação, refletida principalmente na forte depreciação cambial, na ampliação da desancoragem das expectativas inflacionárias e na piora na composição qualitativa da inflação corrente, consolidaram-se as apostas de mercado em uma elevação maior e duradoura na taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom).   

No Boletim Focus, a projeção de elevação da Selic em dezembro passou de 0,50 p.p. para 0,75 p.p., colocando a taxa em 12,00% a.a. no final de 2024. De forma mais intensa, a aposta majoritária no mercado de opções da B3 em 06/12 era de um aumento de 1,00 p.p. na Selic, com a probabilidade de 50,0%. Em consonância com a necessidade de se aprofundar a política contracionista, a taxa real de juros ex-ante de 1 ano encerrou a semana em 9,22% a.a., com uma elevação de 0,13 p.p. no período. 

Com novos aumentos em 2025, o Focus indicou elevações de 0,75 p.p. em janeiro e de 0,50 p.p. em março e em maio, alcançando o pico de 13,75% a.a.. A flexibilização da taxa básica de juros só ocorreria em setembro, com um corte de -0,25 p.p. e o indicador encerrando o ano em 13,50% a.a.  

Corroborando com o quadro excessivamente desafiador para a convergência da inflação à meta de 3,0%, e reforçando a perspectiva de um maior aperto monetário, a projeção para a inflação acumulada em 12 meses no final do 2T26, horizonte relevante, aumentou de 3,97% em 29/11 para 4,13% em 06/12, apesar do esperado ajuste na política monetária. 

Mesmo com a piora das condições financeiras, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho ainda não apresentam perda de dinamismo. Retratando esse cenário, o crescimento do PIB no acumulado de 4 trimestres progrediu de 2,7% no 2T24 para 3,1% no 3T24. Como fator positivo para o produto potencial, a taxa de investimentos ficou em 17,6% no 3T24, bem acima dos 16,4% registrados no 3T23. Adicionalmente, a produção industrial acumulada em 12 meses acelerou de 2,6% a.a. em set/24 para 3,02% a.a.  em outubro.  

No campo inflacionário, após um aumento de 0,30% em out/24, houve uma deflação em novembro de -0,13% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do IGP-DI da FGV, beneficiada pela queda na tarifa de eletricidade residencial (-8,76%) com a adoção da bandeira tarifária amarela. Em termos anuais, o IPC passou de 4,40% a.a. para 3,98% a.a.. 

No mercado internacional, os dados recentes da atividade e inflação consolidaram as apostas que o Federal Reserve (Fed) será gradualista na flexibilização da política monetária. Em 06/12, a ferramenta FedWatch do CME Group indicava 86,0% de probabilidade para um corte de -0,25 p.p. nos Fed Funds em dezembro, com 62,9% de chances para que a taxa básica se mantenha entre 4,25% e 4,50% a.a. em janeiro. 

Na agenda de indicadores da semana, as maiores atenções estarão para o IPCA de novembro, principalmente na composição, assim como no IGP-10 de dezembro que captura o movimento recente nos preços no atacado. Não menos importantes, serão apresentados os desempenhos nos setores de serviços e varejo em outubro. No front externo, destaque para o resultado da inflação ao consumidor (CPI) dos EUA e para a decisão de política monetária pelo Banco Central Europeu (BCE), que deve continuar reduzindo os juros na região. 

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