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Frustração eleva ainda mais os prêmios de risco 

A frustação com as medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal elevou substancialmente os prêmios de riscos nos mercados de ativos. Descolando das moedas emergentes, o real depreciou-se em 2,83% na semana, com o dólar chegando a alcançar R$ 6,11 em 29/11. A taxa real de juros ex-ante para 1 ano exibiu uma alta significativa de 0,64 p.p. para 9,04% a.a., adentrando ainda mais em nível contracionista quando comparado com a taxa neutra de 4,75% a.a. estimada pelo Banco Central (BC). Já o Ibovespa apresentou uma queda de -2,68%. 

Em contraste com o mercado de opções da B3, em que a aposta majoritária é de um aumento de 0,75 p.p. na Selic em dezembro, as projeções para a elevação da taxa Meta no Boletim Focus mantiveram-se com uma alta de 0,50 p.p., o que levaria a Selic a 11,75% a.a. ao final de 2024. A taxa de juros aumentaria também em 0,50 p.p. em janeiro, março e maio, para alcançar o ápice de 13,25% a.a.. Uma eventual flexibilização só ocorreria em novembro.  

Com a significativa depreciação do real, o movimento de ampliação da desancoragem nas expectativas inflacionárias persiste, a despeito da previsão de um maior e mais duradouro aumento na taxa Selic. No horizonte relevante para a política monetária, a projeção para a inflação acumulada em 12 meses no final do 2T26 passou de 3,93% em 22/11 para 3,97% em 29/11, bem acima da meta de 3,0%.  

Reforçando a dinâmica preocupante da inflação no curto prazo, o IPCA-15 acelerou de 4,47% a.a. em out/24 para 4,77% a.a. em novembro, superando o teto da meta de 4,5%. Ademais, os dados qualitativos mostraram uma piora na composição, com a média dos 5 núcleos monitorados pelo BC acelerando de 3,81% a.a. para 3,95% a.a. e os serviços subjacentes de 5,08% a.a. para 5,33% a.a..  

Do lado real, o mercado de trabalho continuou aquecido, apesar de alguma acomodação no setor formal, com a taxa de desocupação alcançando 6,2% no trimestre findo em outubro, no menor nível da série histórica. Os rendimentos mantiveram a trajetória de alta. O setor público consolidado registrou um superávit primário de R$ 36,89 bilhões em outubro, assim o resultado acumulado em 12 meses ficou em -1,95% do PIB, o que representou uma queda de -0,21 p.p. na margem. Por sua vez, com a economia aquecida, o déficit acumulado em 12 meses em transações correntes ampliou-se de US$ -42,83 bilhões em set/24 para US$ -49,17 bilhões em outubro (-2,23% do PIB), porém os investimentos diretos no país (IDP) ampliaram-se de US$ 63,38 bilhões para US$ 66,03 bilhões (3,00% do PIB), financiando com folga o déficit nas contas externas.  

No mercado internacional, prevalece as perspectivas de que o Federal Reserve (Fed) seguirá com o plano de voo. No monitoramento da ferramenta FedWatch, a probabilidade de uma redução de -0,25 p.p. nos juros na reunião de dezembro passou de 52,3% no dia 25/11 para 66,0% em 29/11.   

Para a semana que se adentra, as atenções recaem no resultado do PIB do 3T24, que deve confirmar a robustez da atividade, além dos resultados da produção industrial, da balança comercial e do IGP-DI. No exterior, o destaque será para os dados do mercado de trabalho nos EUA, que auxiliarão na calibrarem das expectativas para a reunião do Fed, além das leituras dos PMIs nos EUA, Zona do Euro e China.

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