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Impactos da Fase 3 do FRTB no Brasil

Participantes da reunião presencial sobre FRTB na ABBC: em pé – Rafael Machado Santana (Banco Central), Renato Tadeu Halasi (Ouribank), Lucas Augusto Zoia (Fibra), Luís Gustavo Eloy do Amaral (Fibra), Emerson Vasconcelos (Finaxis), Alexandra Samih Ghenain (Daycoval), Fabiano Ruiz Dutra (Banco Central), Rodrigo Debs (Banco Central), Everton Gonçalves (ABBC), Kumagae Hinki Junior (Fibra), Marcelo Sarkis Donelian (Sofisa); e sentados – Sergio Domingues Sequeira (Banco Central), Natalia Cunha (Nubank), Suzane Salgueiro (ABBC), Aníbal Codina (Maps) e Michelle Papalardo (ABBC)

A ABBC – Associação Brasileira de Bancos reuniu, no último dia 16 de outubro, os membros da Comissão de Gestão de Riscos e Regulação Prudencial, em São Paulo, para uma apresentação do Banco Central. O objetivo foi esclarecer os principais pontos da Consulta Pública 102/24, que representa a terceira fase da adoção do Fundamental Review of the Trading Book (FRTB) – um componente central das reformas de Basileia III voltadas para o risco de mercado. Nessa fase, será introduzida uma nova abordagem padronizada, baseada no conceito de sensibilidade, criando o RWAsens e impactando diretamente as instituições financeiras dos segmentos S1, S2 e S3.

Esse avanço está inserido em um esforço mais amplo de adaptação do sistema financeiro brasileiro às normas internacionais de gestão de risco de mercado. A nova abordagem visa a um padrão mais sofisticado para o cálculo dos ativos ponderados pelo risco (RWA), e a resolução correspondente deverá entrar em vigor a partir de 1º de janeiro de 2026. Vale lembrar que a consulta pública para contribuições estará aberta até 17 de novembro de 2024, oferecendo às instituições a oportunidade de se posicionar.

Desde o lançamento da primeira versão do FRTB, em 2016, seguida pela versão final em 2019, o Banco Central vem estruturando as etapas da implementação. A Fase 1, relacionada à Resolução BCB 111, abordou questões de governança e controles, enquanto a Resolução BCB 313 se concentrou no risco de crédito da carteira de negociação. Agora, com a Consulta Pública 102, a atenção volta-se para os desafios da Fase 3.

Na apresentação, os representantes do Departamento de Regulação Prudencial e Cambial (Dereg) e do Departamento de Gestão Estratégica e Supervisão Especializada (Degef) compartilharam um panorama comparativo entre o Brasil e outros países membros do Comitê de Basileia na implementação do FRTB. O Brasil está em um ponto intermediário, avançando em seu cronograma, atrás de nações como Japão e Canadá, mas à frente de outras como Austrália e Estados Unidos. Segundo o regulador, isso assegura um posicionamento competitivo no cenário internacional.

A partir de 1º de janeiro de 2026, todas as instituições dos segmentos S1, S2 e S3 deverão seguir o modelo padronizado proposto pela nova regulação, substituindo os modelos internos e padronizados atualmente vigentes. Para o segmento S4, será proposto, em breve, a adoção de uma nova metodologia padronizada simplificada (MAR40-SSA), que busca adequar as exigências às características específicas desse grupo.

Benefícios e estudo de impacto

Entre os benefícios esperados do novo modelo padronizado de cálculo de capital regulatório, destacam-se sua consistência frente aos conceitos de gerenciamento de risco de mercado utilizados pelas instituições, sua maior sensibilidade ao risco e a promoção de boas práticas de hedge. Além disso, o novo arcabouço favorece o reconhecimento dos efeitos da diversificação e uma melhor adequação do capital para exposições de longo prazo, alinhando-se às exigências de capital com as perdas observadas em cenários de crise. O Banco Central também ressaltou o reconhecimento do impacto das transferências internas de risco entre carteiras e a possibilidade de instituições implementarem o Hedge do Índice de Basiléia, se assim o desejarem.

Desde 2020, o Banco Central tem realizado avaliações periódicas com os bancos dos segmentos S1 e S2 para medir a maturidade e o entendimento do novo arcabouço regulatório. Esses estudos mostraram um impacto neutro para os três segmentos impactados, o que reforça a expectativa de uma transição relativamente suave para o novo modelo padronizado.

Para ilustrar as mudanças, foram apresentados modelos esquemáticos e um exemplo demonstrativo do cálculo da nova metodologia, com especial ênfase à importância de um mapeamento detalhado dos fatores de risco relacionados às posições da carteira de negociação.

Em síntese, o evento proporcionou um debate técnico enriquecedor, destacando o papel crucial da Consulta Pública 102 na modernização das normas regulatórias do setor. Os associados da ABBC tiveram a oportunidade de discutir diretamente com os representantes do Banco Central, o que foi essencial para o esclarecimento de dúvidas e o aprimoramento das propostas.

A troca de experiências também evidenciou os desafios que as instituições enfrentam na adoção das novas metodologias, reforçando a importância da participação ativa do setor bancário no desenvolvimento regulatório, especialmente em temas que afetam a gestão de riscos e o cumprimento das exigências prudenciais.

Agradecemos a presença de:

  • Alexandra Samih Ghenain – Daycoval
  • Aníbal Codina – Maps
  • Camila Pinheiro Barardo – ABBC
  • Emerson Vasconcelos – Finaxis
  • Everton Gonçalves – ABBC
  • Fabiano Ruiz Dutra – Banco Central
  • Igor Sismon Silva – Pine
  • Kumagae Hinki Junior – Fibra
  • Lucas Augusto Zoia – Fibra
  • Luís Gustavo Eloy do Amaral – Fibra
  • Marcelo Sarkis Donelian – Sofisa
  • Michelle Papalardo – ABBC
  • Natalia Cunha – Nubank
  • Rafael Machado Santana – Banco Central
  • Renato Tadeu Halasi – Ouribank
  • Rodrigo Debs – Banco Central
  • Sergio Domingues Sequeira – Banco Central
  • Suzane Salgueiro – ABBC

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