Como esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros em 0,50 p.p. para 11,25% a.a., não se comprometendo com o ritmo dos ajustes na taxa básica de juros, tampouco com a magnitude total do ciclo, que dependerão da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade e à política monetária, das projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos. O entendimento é de que no momento a decisão é compatível com a convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante e a necessidade de uma política monetária mais contracionista. A ata da reunião deverá trazer detalhamentos adicionais dos motivos que levaram à decisão que possam avaliar a necessidade de um aperto maior do que 0,50 p.p..
Com o sentimento de uma atividade econômica mais forte do que a esperada e a desancoragem nas expectativas inflacionárias, o Boletim Focus passou a projetar mais elevações na Selic, que atingiria o ápice de 12,50% em mar/25, mantendo-se neste patamar até julho. Com a retomada do processo de flexibilização monetária somente em setembro, o indicador encerraria 2025 em 11,50% a.a.. Na semana, a taxa real de juros ex-ante ficou estável em 8,52%, nível fortemente contracionista pelas contas do Banco Central (BC).
Mesmo com uma expectativa de um maior aperto monetário na trajetória da Selic no Focus e taxa real de juros em patamar contracionista, houve uma deterioração das expectativas, reiterando o desafio da convergência da inflação à meta de 3,0%. Na projeção para abr/26, a expectativa no boletim passou de 3,86% a.a. em 1/11 para 3,88% a.a. em 08/11, valor acima dos 3,60% do cenário de referência do Copom. Com esse movimento, a probabilidade de uma elevação de 0,75 p.p. ganhou força saindo de uma chance de 37,0% em 01/11 para 43,5% em 08/11.
Com a influência da estiagem impactando diretamente na evolução do IPCA, o índice avançou 0,56% em outubro, pressionado pela elevação dos custos com energia elétrica e alimentação, acumulando alta de 4,76% a.a., extrapolando o teto da meta. Ademais, a pressão das cotações das commodities se materializou no Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br), não só nos preços em dólares, mas também pela pressão da taxa de câmbio, com o indicador acumulando alta de 14,38% a.a..
Com a dissipação dos temores com a recessão, o Federal Reserve (Fed) continuou o ciclo de flexibilização monetária, embora reduzindo o ritmo de corte nos juros para -0,25 p.p.. No mercado financeiro, as usuais incertezas com a trajetória das contas públicas conjugada com a expectativas de uma política mais protecionista nos EUA e de apreciação do dólar adicionaram volatilidade aos ativos ao longo da semana.
Nessa semana que se adentra, as atenções estarão centradas nos indicadores de atividade do 3T24, como os setores de varejo e serviços, e o IBC-Br, que devem mostrar que a economia continuou em expansão no período, embora com alguma moderação. Na agenda internacional, o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, juntamente com o atual quadro político, pode indicar um ciclo de corte dos juros mais tímido no país. Ainda, serão divulgados os números de varejo e indústria nos EUA e China.