A ABBC – Associação Brasileira de Bancos deu início às atividades do CONECTA ABBC 2024 nesta quarta-feira, 21, com debates on-line sobre inovação em negócios para o setor financeiro. A programação abrangeu o dia todo, das 9h às 18h, sendo aberta e gratuita a todo o público.
Confira os principais destaques do evento.
Painel 1 – Inovação na segurança e combate a fraudes
No primeiro painel do dia 21 de agosto, discutiram-se as aplicações de inovação na segurança e combate a fraudes. A conversa foi mediada pelo especialista em Segurança Digital do Sicredi e coordenador da Comissão de Prevenção a Fraudes da ABBC, Fábio Fekete de Noronha.
O chefe-adjunto da Gerência de Execução de Inspeções de Supervisão de Conduta do Banco Central, Gerson Romantini, destacou a importância de um trabalho em conjunto entre o mercado, envolvendo regulador, instituições financeiras e fornecedores. “Dessa forma, as fraudes serão mitigadas. Nós temos condições de construir um sistema cada vez mais forte e eficiente”, disse. O superintendente de Estratégia de Negócio e Inovação da Núclea, Raphael Mielle, complementou citando tecnologias que atuam contra fraudes no Brasil. “Por exemplo, temos o DetectaFlow, que é similar ao MED do Pix, só que identifica, além dele, valores transformados em boletos, cartões e TED. Também é capaz de verificar a pulverização em até dez camadas, proporcionando uma devolução em cascata até a vítima”, destacou.
Painel 2 – Drex
No segundo painel, os participantes discutiram as expectativas dos casos de uso e cenários transfronteiriços do Drex. A conversa foi mediada pelo diretor técnico da ABBC e diretor de TI do Banco BBC, Wallace Jagiello.
Para o sócio da KPMG, Fábio Lacerda, o brilhantismo do Banco Central foi entender um movimento que já ocorria no mundo para trazer essa inovação à moeda brasileira. “Abriu-se espaço para ouvir o sistema financeiro, observando casos de uso antes de emitir uma ‘espécie de criptomoeda’ pelo Estado. Faço essa analogia, mas o Drex, em sua essência, não é uma criptomoeda, é uma nova forma de se usar o real”, disse.
Já o CEO da BBChain, André Carneiro, comentou que o mercado financeiro está em uma jornada para redução de fricção e que, por isso, é importante que os agentes participem dos testes do Drex. “Quem atua no mercado já deve começar a pensar em como essa inovação impactará o seu negócio. O grande desafio é transformar o Drex em algo tangível também para a população”.
Painel 3 – Regulamentação no uso de IA
O terceiro painel abordou a importância da regulamentação no uso da inteligência artificial no sistema financeiro. A conversa foi mediada pelo superintendente executivo de TI do Pine e coordenador da Comissão de Tecnologia da ABBC, Roniel de Oliveira.
Sócia da área de Tecnologia do escritório Pinheiro Neto Advogados, Larissa Galimberti, destacou que a inteligência artificial já está trazendo impactos significativos no setor financeiro, especialmente em termos de privacidade e ética. “No entanto, ainda não temos uma lei geral de regulamentação da inteligência artificial. É fundamental que as empresas e a sociedade civil participem desse debate sobre o projeto de lei de regulação da IA”.
Já o sócio e head CoE Open Finance da BIP Brasil, Luigi Iervolino, falou sobre como a IA pode potencializar o Open Finance no Brasil. “Provavelmente, somos o maior país do mundo em termos de dados sendo compartilhados. Além das informações cadastrais, compartilhamos dados de cartão de crédito, conta corrente, operações de crédito, investimentos e câmbio. Isso já é realidade e, na minha visão, o uso e a análise disso tudo vai revolucionar o sistema financeiro”, afirma.
Painel 4 – Agenda evolutiva do Pix
Este encontro apresentou os próximos passos do Banco Central em relação aos modelos de Pix Automático, Pix por Aproximação e MED 2.0, que possibilitará acessar todas as contas bancárias que receberam um valor oriundo de crimes financeiros.
A agenda foi mediada pelo regulatory specialist do Nubank, Felipe Lourenço, e teve participação do chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central do Brasil, Breno Lobo, e do head de Regulação Financeira da Stone, Gabriel Cohen.
“O Pix Automático vai corrigir uma falha de mercado sobre o débito direto, que hoje, além de ser uma ferramenta cara, só é possível de se realizar se o recebedor e o consumidor tiverem conta em uma mesma instituição financeira. Ou seja, a empresa precisa ter conta em cinco ou sete bancos para atender ao cliente, e ele, por sua vez, precisará ser vinculado a várias instituições. O Pix Automático elimina essa necessidade e torna o processo acessível”, disse Breno Lobo. A funcionalidade está prevista para ser disponibilizada em junho de 2025.
“Para o varejo, isso representa vender mais, em um ambiente aberto e com mais opções. Haverá uma aceitação muito rápida da população em relação ao arranjo de pagamento automático no Pix. Será fundamental para ampliar não só a gestão de vendas do varejo, mas da liquidação instantânea”, acrescentou Gabriel Cohen.
Painel 5 – Principalidade e hiperpersonalização dos clientes
O quinto e último painel da edição online do Conecta ABBC abordou a necessidade e os desafios das IFs para se tornarem o principal recurso financeiro do cliente e, também, mantê-lo cada vez mais engajado. O debate foi mediado pelo head de Inovação e Open Finance do Banco BV e membro do Núcleo de Inovação da ABBC, Jimmy Lui, e contou com as participações do co-funder e VP do PicPay, Anderson Chamon, e da economista-chefe do Banco Inter e membro do Conselho de Administração da ABBC, Rafaela Vitória.
“O principal ponto da centralidade é manter o engajamento do cliente. Para isso, a hiperpersonalização é fundamental, pois permite que cada cliente seja atendido com ofertas e demandas específicas para seu perfil. Futuramente, queremos ter um aplicativo para cada tipo de cliente, em uma base que, hoje, é de cerca de 30 milhões de contas”, contou Rafaela.
Em linha com a economista do Inter, Anderson reforçou a importância da hiperpersonalização. “Hoje temos centenas de audiências, em que cada cliente precisa de um PicPay diferente. Só conseguimos entregar valor graças à nossa capacidade de segmentação. É fundamental personalizar o aplicativo de forma que ele fique customizado ao cliente”, disse.
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