A decisão do Copom por manter a Selic nos atuais 10,50% ao ano mostra-se a mais congruente com o processo de retomada de confiança na política monetária para alcançar os objetivos de reancoragem das expectativas e convergência da inflação à meta, dentro do horizonte de tempo relevante para a política monetária, que inclui o ano de 2025.
A avaliação é do diretor de Economia, Regulação e Produtos da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Everton Gonçalves.
Ele lembra que em relação à última reunião, as projeções de inflação do Copom para 2024 e 2025 aumentaram, respectivamente, de 3,8% para 4,0% e de 3,3% para 3,4%. Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic se mantém constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4% para 2024 e 3,1% para 2025.
“Diante da deterioração do balanço de riscos para a dinâmica inflacionária e de um cenário prospectivo mais complicado, que conjuga uma maior desancoragem das expectativas, forte depreciação cambial, aumento das preocupações com a trajetória das contas públicas e da adversidade no ambiente externo com as frequentes reprecificações do início da queda da taxa básica de juros nos EUA, o Copom foi obrigado a interromper o processo de flexibilização monetária e manter, de forma unânime, a Selic em 10,50%”, avalia Gonçalves.
Portanto, de acordo com diretor da ABBC, a decisão desta quarta-feira, 19, pode ajudar a amenizar a volatilidade do mercado, e contribui para sustentar o aperto das condições financeiras já precificado na estrutura a termo da taxa de juros.
“Frente a uma conjuntura incerta e volátil, e um contexto doméstico marcado pela resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, é imprescindível que o processo de convergência seja crível, de modo que as expectativas se aproximem da meta. Qualquer retomada da flexibilização dependerá do comportamento dessas variáveis”, disse Gonçalves.
Contato: francisco.assis@estadao.com
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