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Encontro de Economia Bancária da ABBC: Riscos de Modelos

A ABBC – Associação Brasileira de Bancos promoveu uma discussão sobre o conceito de Riscos de Modelos durante seu evento Encontro de Economia Bancária, realizado na última quinta-feira, dia 22 de maio. A crescente complexidade desse tema, influenciada, entre outros fatores, pelas exigências como as dos modelos de capital do FRTB – Fundamental Review of the Trading Book (Revisão Fundamental da Carteira de Negociação), e por modelos de perda de crédito segundo a Resolução BCB 4.966/21, que estabelece novas regras contábeis para instrumentos financeiros baseadas nos conceitos da norma internacional IFRS 9, reforça a importância desses debates e a necessidade de atualização constante das práticas de gerenciamento.

O evento teve a abertura de Everton Gonçalves, diretor de Economia, Regulação e Produtos da ABBC, com apresentações realizadas por especialistas da consultoria PwC: Rosana Napoli, sócia líder em Auditoria Interna; Fábio Coimbra, sócio para Governança, Risco e Regulatório; Luiz Guedes, diretor de Riscos; Ana Lupi, diretora de Riscos; e Bruno Candéa, gerente de Riscos e Regulação.

Participantes durante os debates do Encontro de Economia Bancária: Riscos de Modelo

Na introdução, Everton apontou que projeções econômicas e financeiras podem não ser precisas se os modelos não forem calibrados corretamente. Ele ressaltou a importância de considerar as limitações dos modelos utilizados, incluindo conceitos específicos, eficiência de mercado e qualidade dos dados. Segundo o diretor da ABBC, a discussão sobre essas limitações está ganhando destaque no âmbito regulatório do setor financeiro. 

Para aprimorar essa gestão dos riscos de modelos, Luiz Guedes ressaltou como passo inicial compreender seu conceito central: a potencial perda que uma instituição financeira pode sofrer devido a decisões baseadas em outputs de modelos, causadas por erros no desenvolvimento, implementação ou uso desses modelos. Ele destacou que esses riscos são tratados na vertical de risco operacional e podem originar-se de problemas conceituais ou de execução. No Brasil, a resolução CMN nº 4.557/17 dispõe sobre a estrutura de gerenciamento de riscos e a estrutura de gerenciamento de capital no Brasil, sendo uma regulamentação ampla e transformacional, abrangendo diversos aspectos que são avaliados pelo órgão regulador.

O evento teve a abertura de Everton Gonçalves, diretor de Economia, Regulação e Produtos da ABBC, com apresentações realizadas por especialistas da consultoria PwC: Fábio Coimbra, sócio para Governança, Risco e Regulatório; Rosana Napoli, sócia líder em Auditoria Interna; Luiz Guedes, diretor de Riscos; Ana Lupi, diretora de Riscos; e Bruno Candéa, gerente de Riscos e Regulação.

Juntamente com Fábio Coimbra, Luiz apresentou os resultados de uma recente pesquisa global da PwC sobre gestão de risco de modelo (MRM), destacando conclusões importantes que auxiliam o setor financeiro no aprimoramento do gerenciamento. Essa pesquisa incluiu a participação de instituições de diversos portes (bancos e seguradoras) em cinco continentes.

Representação geográfica da pesquisa da PwC sobre Gestão de Risco de Modelo (MRM)

Segundo o estudo, a dependência das organizações em relação aos modelos e a importância da supervisão adequada foram destacadas. A maioria dos gestores de risco (88%) manifestou sua confiança na solidez e adequação das funções de Gestão de Risco de Modelo (MRM) de suas instituições. Mas houve ênfase na necessidade de uma governança mais robusta e na identificação e mitigação de conflitos nas funções de gestão de risco. Outras descobertas da pesquisa foram:

1.   Preparação global do mercado financeiro: A maioria dos gestores de risco (88%) manifesta a sua confiança na solidez e adequação das funções de Gestão de Risco de Modelo (MRM) das suas instituições.

2.  Eficiência operacional: 65% das instituições consideram a eficiência operacional uma vantagem significativa ao estabelecerem estruturas robustas de MRM. A conformidade regulatória também continua sendo um fator crítico.

3.   Classificação de risco: mais da metade (54%) das organizações pesquisadas empregam uma abordagem detalhada de classificação de risco para avaliar com precisão o risco inerente de cada modelo. Os 46% restantes utilizam uma abordagem de níveis de alto padrão.

4.  Modelos de Machine Learning: a adoção de modelos de aprendizado de máquina na gestão de risco parece estar alinhada a uma minoria de instituições financeiras. No entanto, a IA parece ser o tema mais proeminente na área de MRM no futuro.

Modelos e equipes dedicadas à Gestão de Risco de Modelo (MRM) segundo a pesquisa global da PwC

Processos de validação

Os especialistas da PwC ressaltaram ainda a importância de equipes especializadas e com profundo conhecimento para criticar e desafiar os modelos existentes. Enfatizaram que a validação de modelos não deve ser confundida com auditoria interna, sendo uma atividade de segunda linha.

O processo de validação requer recursos intensivos e uma motivação institucional. Além disso, devem contar com os princípios fundamentais, como avaliação contínua, independência, avaliação de dados e inputs, metodologia e modelagem, análise de resultados, performance do modelo e governança.

O uso de tecnologia dedicada foi enfatizado como essencial para eficiência da atividade, incluindo inventário de modelos, relatórios de monitoramento, workflow do modelo e acompanhamento contínuo da performance. A flexibilidade do timing da validação é outra questão importante, pois permite atuar de forma mais eficiente no gerenciamento das revisões de modelos, principalmente em momentos complexos, como implementações regulatórias. Entretanto, é fundamental que as validações de modelos sejam tratadas como de metodologias ongoing para a instituição .

Luiz Guedes, diretor de Riscos da PwC, explica os aspectos a serem abordados na atividade de validação do Risco de Modelos

O evento destacou, por fim, a importância de uma supervisão rigorosa e a necessidade de manter a independência na validação para evitar conflitos de interesse. Especialmente para instituições de menor porte, onde a segregação de funções pode ser mais desafiadora, foi enfatizada a importância de mecanismos de mitigação de potenciais conflitos.

Fábio, Luiz e Ana mostraram e comentaram o framework PwC com cinco passos para a correta implementação do gerenciamento de risco de modelo nas instituições financeiras. O framework aborda desde a definição e especificação dos modelos até a validação independente e contínua desses modelos, considerando aspectos qualitativos e quantitativos.

Durante o evento, eles também responderam a perguntas dos participantes, esclarecendo dúvidas e aprofundando o entendimento sobre a aplicação prática desse framework.

Framework para validação de modelos sugerido pela consultoria PwC
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