Com os sinais de perda de ímpeto da atividade e do mercado de trabalho, cresceu o sentimento de que o processo de desinflação seguirá de forma sustentável, viabilizando o início de flexibilização monetária pelo Federal Reserve (Fed). Porém, apesar do cenário mais favorável, a semana apresentou uma maior aversão ao risco e volatilidade por causa de fatores relacionados ao cenário político nos EUA, movimento que foi intensificado pela materialização de risco cibernético de impacto internacional.
Na semana, mesmo com a elevação da probabilidade de que ocorram 3 cortes de -0,25 p.p. na taxa básica de juros ainda em 2024 de 40,5% para 42,0%, o retorno das T-Notes de 10 anos elevou-se em 0,07 p.p. para 4,25% a.a.. Neste contexto, as principais bolsas internacionais apresentaram perdas. Em consonância com o aumento da aversão ao risco, o Dollar Index subiu 0,29% no período, enquanto o índice para moedas emergentes em relação ao dólar recuou -1,33%. Para esse último movimento, contribuiu ainda os sinais de intervenção do Banco Central do Japão (BoJ) para sustentação do iene. Com pior desempenho, o real depreciou-se em 3,10%, com o dólar cotado a R$ 5,60.
Acompanhando a deterioração na percepção de risco, a taxa real de juros ex-ante acumulou na semana uma alta de 0,20 p.p. para 7,16% a.a., adentrando-se ainda mais em terreno contracionista. As projeções para a Meta Selic no Boletim Focus não sofreram alterações. Para o final de 2024, a taxa continuou em 10,50% a.a.. Dessa forma, com reduções de -0,25 p.p. em maio, junho, setembro e dezembro, a Selic alcançaria 9,50% a.a. ao final de 2025.
Com a expectativa da manutenção dos juros básicos em nível mais restritivo por um período maior, a projeção para o PIB para 2025 reduziu-se de 1,97% para 1,93%. Em um cenário com a divulgação de um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões e bloqueio de despesas de R$ 11,2 bilhões em 2024, que objetiva o cumprimento das metas do arcabouço fiscal, a projeção no Focus para o déficit primário para 2024 ainda continuou em -0,70%.
Para a semana que se inicia, a atenção deverá estar voltada para os desdobramentos nos ativos financeiros dos novos contornos para a sucessão presidencial nos EUA. Do lado econômico, é importante acompanhar o impacto da temperatura da prévia do PIB no 2T24 e do Deflator dos Gastos de Consumo Pessoal (PCE), além dos dados de renda e gastos pessoais, na evolução da política monetária que será conduzida pelo Fed.
Na agenda local, os destaques ficam para: a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN); o IPCA-15; estatísticas do crédito e do setor externo; sondagens da FGV; o resultado primário; e a arrecadação federal.