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Pré-Copom: Junho/2024

O cenário de referência utilizado na reunião de maio pelo Copom empregou como premissas: (i) a trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus; (ii) a taxa de câmbio parte de R$5,15/US$, evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC); (iii) o preço do petróleo seguindo aproximadamente a curva futura pelos próximos 6 meses e aumentando posteriormente em 2% a.a.; e (iv) a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2024 e de 2025. Com esses pressupostos, as projeções de inflação do Copom situavam-se em 3,8% para 2024 e 3,3% para 2025.

Ao considerar o cenário prospectivo de inflação como mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo com uma taxa de juros mais elevada e as surpresas benignas na dinâmica da inflação corrente, o Copom concluiu unanimemente pela necessidade de uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar o processo desinflacionário.

Graças aos ruídos na comunicação da autoridade monetária, ao aumento das preocupações com a trajetória dos indicadores e da política fiscal e às constantes reprecificações do ciclo de cortes na taxa de juros nos EUA, o cenário tornou-se ainda mais complicado. Assim, atualizando-se as premissas, as medianas das projeções para o IPCA, no Boletim Focus, aumentaram 0,16 p.p. para 3,90% para 2024, 0,13 p.p. para 3,78% para 2025 e 0,10 p.p. para 3,60% para 2026. Já as projeções para a taxa Selic ao final de ano saíram de 9,75% a.a. para 10,25% a.a. em 2024, de 9,00% a.a. para 9,25% a.a. em 2025 e de 8,75% a.a. para 9,00% a.a. em 2026.

A piora na desancoragem das expectativas no horizonte relevante para a política monetária ocorreu a despeito da elevação nos prêmios de risco no mercado futuro de juros e da revisão mais conservadora na trajetória estimada para a Selic na Focus. Como recomendado pelo Copom, desde a última reunião, a taxa real de juros ex-ante acumulou uma alta de 0,64 p.p., situando-se em 07/06 em 7,09% a.a., ou seja, ficando em patamar ainda mais elevado em relação aos 4,5% considerado como neutro pelo Banco Central. Por fim, apesar de algum alívio na cotação do preço do petróleo, constituiu-se uma pressão adicional na taxa de câmbio, com o dólar alcançando o nível de R$ 5,40.

Concluindo, acreditamos que a manutenção da meta Selic em 10,50% a.a. é a decisão mais apropriada para que sejam cumpridos os objetivos de convergir a inflação à meta dentro do horizonte de tempo relevante. Além de mitigar a volatilidade, esse direcionamento ajudaria a sustentar o aperto adicional da política monetária já precificado na estrutura a termo da taxa de juros. A extensão e a adequação de eventuais ajustes futuros na taxa de juros deverão ser condicionadas pelo compromisso de convergência da inflação à meta e pela avaliação do balanço de riscos.

Boa leitura!

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