• Com base nos dados até o 2º semestre de 2023, o Banco Central (BC) divulgou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) de maio que descreveu o panorama da evolução recente do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as perspectivas para a estabilidade financeira. Realizada em fev/24, a Pesquisa de Estabilidade Financeira (PEF) apontou o cenário externo como o fator de risco mais importante, refletindo as tensões geopolíticas, a persistência da inflação e o aperto das condições financeiras nas economias avançadas. Ademais, com uma melhora na percepção dos ciclos econômico e financeiro, as Instituições Financeiras (IFs) aumentaram o seu apetite ao risco e mantiveram a confiança elevada na estabilidade do SFN.
• Além de não ser significativa, a representatividade do funding externo nas captações vem se reduzindo. Impulsionado pela dinâmica dos depósitos a prazo, dos instrumentos com isenção tributária e dos depósitos judiciais, o estoque cresce de forma considerável. No 2º semestre, houve ainda um aumento da participação das captações de longo prazo nos números agregados. Graças ao êxito da disseminação das plataformas de investimento, observa-se um movimento de redução na concentração das captações, com perda de participação de mercado das IFs dos segmentos S1 e S2. Simultaneamente, houve uma convergência entre as taxas praticadas entre os diferentes segmentos prudenciais. Ainda no que tange à liquidez, os indicadores de risco de curto e longo prazo mantêm-se em patamar adequado à manutenção do funcionamento do sistema de intermediação e da estabilidade financeira.
• Apesar da desaceleração do financiamento à economia real, com a redução das taxas de crescimento anual das fontes de empréstimos, a relação crédito amplo/ PIB voltou a crescer, aumentando a diferença em relação à sua tendência de longo prazo. O mercado interno de dívida corporativa ganhou representatividade como fonte de financiamento, especialmente para as grandes empresas (Ge). • No âmbito do SFN para pessoas jurídicas (PJ), a redução do ritmo de elevação foi mais pronunciada no segmento das micro, pequenas e médias empresas (MPMe). Apresentando alguns sinais de acomodação, a expectativa é que se tenha no futuro uma estabilização na materialização do risco de crédito para as MPMe. Já para as Ge, com a previsão de que as baixas a prejuízo superem as novas entradas de ativos problemáticos (APs), a tendência deverá continuar sendo de queda.
• Com exceção da modalidade financiamento de veículos, o crescimento do crédito às pessoas físicas (PF) continuou perdendo força, enquanto os saldos com cartão de crédito e crédito não consignado apresentaram uma evolução mais estável nos últimos meses de 2023. A materialização de risco recuou na maioria das modalidades para PF. A melhora no mix de produtos, com avanço nas modalidades menos arriscadas, associada a critérios de contratação estáveis, propiciou uma melhora nas estimativas de probabilidade de default, o que sugere uma redução dos percentuais de APs nos próximos meses.
Boa leitura!