Com o balanço de riscos para inflação estável em relação à reunião de dezembro, entendemos que o ritmo de queda de -0,50 p.p. na Meta Selic ainda possa ser mantido nos 3 próximos encontros. Como essa trajetória já estaria contemplada na precificação das taxas futuras de juros, a taxa real de juros ex-ante de 1 ano está em torno de 6,0% a.a., superando os 4,5% a.a. considerado como neutro pelo Banco Central. Dessa forma, esse ritmo manteria a política monetária em campo restritivo, o que é uma condição necessária para a convergência à meta no horizonte relevante e a ancoragem das expectativas.
Na última reunião, apesar de considerar o ambiente externo menos adverso com a queda nas taxas de juros de prazos mais longos nos EUA, o Copom enxergava a redução das medidas de núcleos de inflação como incipiente, o que exigiria cautela. No período recente, diminuiu-se a probabilidade de que o Federal Reserve reduza a taxa básica de juros ainda no 1º trimestre, o que tem levado a uma recalibragem no apreçamento dos ativos financeiros internacionais. No cenário interno, a desaceleração do crescimento da atividade econômica permanece alinhada com o cenário esperado. Ademais, mesmo com um quadro bem favorável nas principais medidas quantitativas e qualitativas da inflação corrente, persiste a desancoragem das expectativas de longo prazo, o que é um fator limitador para a flexibilização monetária.
Boa leitura!