Apesar da aceleração na margem no IPCA-15, o processo de desinflação persiste, com os dados qualitativos apontando um quadro benigno. Na comparação anual, o índice encerrou com uma alta de 4,84% a.a. ante 5,05% em out/23 e a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central (BC) ficou em 4,57% a.a. contra 4,84% a.a. em out/23. A média móvel trimestral (MM3) das medidas subjacentes com ajuste sazonal encerram em 3,82% a.a. (3,80% em out/23) para serviços, em 1,75% a.a. para alimentação (-0,50% a.a. em out/23) e em -1,66% a.a. para bens industriais (0,88% a.a. em out/23). Apesar desse comportamento, há uma rigidez nas projeções inflacionárias no Boletim Focus que há tempos têm permanecido desancoradas no horizonte relevante para a política monetária, alcançando 3,92% para 2024 e 3,50% para 2025.
Ainda que com arrefecimento, o mercado de trabalho manteve uma trajetória positiva. Em outubro, o Caged reportou a criação líquida de 190,4 mil vagas e com os dados do trimestre findo em outubro, a Pnad Contínua mostrou que a taxa de desemprego ficou em 7,6% da população ativa. Entretanto, o cenário para a indústria é de estagnação, operando apenas 0,3% acima do volume observado em dez/22 e -1,6% abaixo de fev/20, com os efeitos da queda na taxa Selic ainda não se fazendo sentidos, como a política monetária deverá permanecer restritiva, é improvável uma alteração no médio prazo desse cenário. Com o aumento da aversão ao risco nos mercados globais, em novembro, os indicadores de sentimento da FGV indicaram uma piora na confiança em quase todos os setores, a exceção ficou para a indústria que exibiu uma recuperação na margem. Com isso, esta semana as atenções se voltam para os dados do PIB no 3T23, que devem indicar uma variação negativa no trimestre.
Com a trajetória positiva da inflação e a sinalização pelo BC da manutenção do ritmo de cortes da taxa Selic em -0,50 p.p., a curva de juros futuros encerrou a semana com queda nos prêmios, alavancada pelo movimento observado no exterior. Assim, a taxa real de juros ex-ante acumulou uma retração de -0,17 p.p. na semana para 6,20% a.a., permanecendo em patamar fortemente restritivo. As projeções no Boletim Focus continuam projetando mais 4 cortes de -0,50 p.p. nas próximas reuniões.
Apesar da 2ª leitura do PIB dos EUA no 3T23 vir acima do esperado, houve na semana uma propensão maior ao risco dos investidores com o presidente do Federal Reserve (Fed) declarando a sua expectativa de desaceleração da atividade no último trimestre de 2023 e a confirmação do processo desinflacionário no PCE. O Livro Bege ratificou esse sentimento e a continuação na redução na demanda de trabalho nos EUA, reduzindo a rentabilidade dos Treasuries, alentando as especulações acerca do início da flexibilização monetária e reduzindo a cotação do dólar no mercado de câmbio internacional.
Ainda para esta semana, destaques para os dados do setor externo, do setor de veículos, as estatísticas fiscais, o IGP-DI, o PMI serviços na Zona do Euro, China e EUA, além da inflação chinesa ao consumidor e no atacado.
Boa leitura!