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Comportamento Semanal – Deterioração do cenário externo

Reconhecendo um progresso deflacionário relevante, constatado na trajetória das medidas de núcleos e da inflação de serviços, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou a dinâmica benigna para a inflação. Contudo, ponderou que ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e à convergência à meta. Com esse objetivo, manteve a sinalização de novas reduções de -0,50 p.p. nas próximas reuniões, que estariam apropriadas para sustentar a política monetária contracionista necessária para esta convergência, desde que confirmado o cenário esperado.

Mesmo com o IPCA de outubro -0,04 p.p. abaixo da projeção no último Boletim Focus, as medianas das projeções de inflação para os próximos 3 meses mantiveram-se inalteradas. Contudo, a expectativa para esse ano caiu de 4,63% para 4,59%, aumentando em muito a probabilidade de que a inflação fique abaixo do teto da meta

Com o hiato do produto mais apertado e as estimativas de um aumento maior nos preços administrados, o Copom aumentou as suas projeções de inflação no cenário de referência. Ademais, reconheceu uma maior deterioração no cenário externo, com a possibilidade da manutenção do ciclo de aperto monetário nos EUA, o que poderia gerar realocações nos portfólios de dívidas soberanas e de crédito privado, podendo trazer pressões sobre a taxa de câmbio, tornando o processo desinflacionário interno mais lento.

O risco com o diferencial das taxas de juros ganhou ainda mais peso em meio à declaração do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reconhecendo que a atividade econômica segue aquecida, deixando aberta a possibilidade de uma nova alta na taxa de juros. Pelo monitoramento da ferramenta Fedwatch, em 10/11, a chance de manutenção da fed funds entre 5,25% e 5,5% a.a. estava em 90,9% para a reunião de dezembro e em 77,7% na de janeiro. Os temores quanto à insustentabilidade da dívida pública nos EUA, ratificado na baixa demanda no leilão de T-bonds de 30 anos, conjuntamente à possibilidade de manutenção do aperto monetário levaram às novas altas nos retornos das T-Notes, especialmente na parte curta e intermediária da curva, favorecendo o dólar na semana, que registrou apreciações de 0,80% em relação às moedas de países desenvolvidos e de 0,86% frentes às de emergentes.

Com melhor desempenho do que o de seus pares emergentes, o real encerrou a semana com modesta depreciação de 0,14%, com o dólar cotado a R$ 4,91, apesar da elevada volatilidade no período. O desempenho foi favorecido pelas reduções nas taxas de juros futuras, o que por sua vez, foram beneficiadas pela surpresa positiva nos dados do IPCA. Apesar da redução de -0,11 p.p. na semana, a taxa real de juros ex-ante fechou em 6,63% a.a., mantendo-se em patamar fortemente contracionista quando comparado com a taxa neutra de 4,5% a.a..

Sugerindo uma desaceleração mais suave do consumo das famílias no 3T23, o setor varejista exibiu altas mensais em setembro de 0,6% no conceito restrito e de 0,2% no ampliado, impulsionado pelo efeito renda, com o mercado de trabalho ainda aquecido e a deflação dos alimentos, mais também afetados pelos juros ainda elevados. O bom resultado do setor deve atenuar os fracos desempenhos da indústria e a perda de dinamismo do setor de serviços.

Para esta semana, destaques para as divulgações dos dados de serviços, IBC-Br e IGP-10, além do PIB, produção industrial e inflação ao consumidor na Zona do Euro e para a produção industrial, as vendas no varejo, inflação ao consumidor e no atacado nos EUA.

Comportamento semanal de mercado_20231110

Boa leitura!

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