O grande destaque da semana que se adentra será a reunião do Copom que reduzirá a Selic em mais -0,50 p.p. para 12,25% a.a.. Como não houve modificações substanciais no balanço de riscos, a decisão cumprirá a sinalização efetuada na última reunião, contudo a atenção certamente estará voltada para eventuais novidades no teor da comunicação do Banco Central (BC), principalmente, acerca da evolução futura da política monetária.
O movimento de alta nas taxas de longo prazo nos EUA, por conta das preocupações com o elevado déficit público, conjugado à perspectiva de um maior período com os juros básicos elevados, deve sustentar o dólar em patamar elevado no mercado de câmbio internacional. Consequentemente, há uma pressão nos preços dos ativos de países emergentes que, em última instância, poderá comprometer a velocidade do processo de desinflação e, por sua vez, impor limites para a redução da Selic.
Essa percepção já está refletida nas projeções no Boletim Focus que já apontam um menor espaço para a queda. Para o término de 2024, a projeção elevou-se de 9,00% a.a. na semana anterior para 9,25% a.a. e para o final de 2025 passou de 8,50% a.a. para 8,75% a.a.. No horizonte relevante para a política monetária, a reancoragem das expectativas inflacionárias é ainda parcial, variando de 3,87% para 3,90% para 2024 e mantendo-se em 3,50% para 2025.
O IPCA-15 de outubro apresentou uma composição mais benigna, com a média dos 5 núcleos acompanhados pelo BC desacelerando de 5,10% a.a. em set/23 para 4,84% a.a., enquanto as médias móveis trimestrais (MM3) dessazonalizadas das medidas subjacentes reduziram-se de 4,10% a.a. em set/23 para 3,76% na de serviços, de 1,89% para 1,11% na industrial e de -0,12% para -0,74% na de alimentação. O ruído produzido pelo governo, ao final da semana, acerca do cumprimento da meta fiscal em 2024 alterou levemente a expectativa de déficit primário para 2024 de -0,75% para -0,78% do PIB, reduzindo as quedas no período nos vértices da curva futura de juros.
O monitor do PIB, da FGV, registrou uma queda de -0,6% na margem em agosto, acumulando uma elevação de 2,8% ao mesmo trimestre móvel em 2022. Em consonância, refletindo os receios com os mercados globais, as sondagens da FGV apontaram reduções na margem em outubro para a indústria, construção e consumidor. No exterior, a 1ª leitura do PIB dos EUA no 3T23 apontou uma alta de 4,9% a.a., reforçando a robustez da atividade econômica. Ainda, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) mostrou que a inflação segue pressionada, indicando uma alta de 3,4% a.a. em setembro, com a medida que exclui os alimentos e energia acumulando um aumento de 3,7% a.a. O Fedwatch do CME Group na sexta (29/10) registrava as probabilidades de manutenção da fed fund no atual patamar entre 5,25% a.a. e 5,50% a.a. em 98,0% na reunião de 4ª feira.
Para esta semana, além das decisões de política monetária no Brasil e EUA, destaques também para as divulgações dos dados do mercado de trabalho, da produção industrial, demais sondagens da FGV, o PIB da Zona do Euro, confiança do consumidor e mercado de trabalho nos EUA.
Boa leitura!