Além do seu simbolismo para as discussões de política econômica, o encontro de Jackson Hole ganha extrema importância com a expectativa de informação adicional no âmbito monetário no discurso de Jerome Powell. A semana foi marcada pela divulgação de dados mais fracos de atividade nos EUA e pelas declarações de membros do Federal Reserve reforçando a necessidade do combate mais firme à inflação. Entretanto, o desaquecimento da atividade e o tom dúbio da ata da última reunião de política monetária geraram dúvidas no que tange a uma nova alta de 0,75 p.p. na taxa básica de juros na próxima reunião. Em conjunção, a inflação mais elevada na Zona do Euro, a crise energética chinesa e os receios de desaceleração econômica global intensificaram o movimento de aversão ao risco, fortalecendo o dólar no mercado de câmbio. Com isso, o dólar apreciou 1,86% frente ao real, encerrando cotado a R$ 5,17, mesmo diante do fluxo intenso de investimento estrangeiro no mercado doméstico. Refletindo as desonerações temporárias nos preços administrados, a mediana no Boletim Focus nas expectativas para a inflação em 2022 e 2023 apresentou redução em relação à leitura anterior. Para este ano, a expectativa diminuiu em -0,20 p.p. para 6,82%. Apesar da temporariedade do cenário de curto prazo, a queda da inflação corrente deverá aliviar a pressão da inércia inflacionária a partir do ano que vem. Contudo, ainda não há alteração substancial no que tange ao horizonte de tempo relevante para a condução da política monetária. Como a inflação esperada para os próximos 12 meses retrocedeu -0,17 p.p. para 5,53%, a taxa real de juros ex-ante expandiu-se em 0,34 p.p. para 7,61% a.a.. Do lado da atividade, com o aumento do consumo de serviços impulsionando a atividade econômica, o Monitor do PIB da FGV apontou alta de 1,1% no 2T22 e de 0,1% em jun/22 na margem, na série com ajuste sazonal. Na comparação interanual, a economia cresceu 3,0% no 2T22 e 2,7% em junho. Assim, a previsão para o crescimento no Focus para esse ano subiu de 2,00% para 2,02%, devendo aumentar nas próximas semanas. Já a Demanda por Crédito (IDC), apurada pela Serasa Experian, apontou que a procura das empresas recuou -3,5% na margem, em julho, após expansão de 2,8% em jun/22 (12,7% em jul/21), refletindo as quedas em todos os setores. Para a semana serão também destaques as divulgações do IPCA-15, Caged, Sondagem FGV, Nota do Setor Externo, Arrecadação Federal, inflação PCE e indicador de confiança nos EUA.
Boa leitura!