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Comentários Relatório de Estabilidade Financeira – Abril de 2022

Com uma  boa defasagem, o Relatório sobre Estabilidade Financeira do Banco Central (BC), referente ao 2º semestre de 2021 (2S21) apresentou considerações relevantes para o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Após a forte difusão de estímulos monetários e fiscais que elevaram a liquidez e a mudança de comportamento dos agentes econômicos, houve alteração importante na estrutura dos passivos. Com a normalização das economias, a maioria dos países já reverteu as reduções emergenciais do Adicional Contracíclico de Capital Principal (ACCP). Há inclusive um alerta para as vulnerabilidades no setor imobiliário que levaram a algumas jurisdições a apresentar percentuais de ACCP acima dos verificados no período anterior à pandemia.

É manifestada certa inquietude quanto ao ambiente externo, no que tange a uma possível materialização de cenários extremos que leve a uma reprecificação significativa de ativos financeiros dos países emergentes. Ainda sem contemplar os impactos da tensão geopolítica no Leste Europeu, a pesquisa realizada junto ao sistema bancário mostrou que as instituições financeiras (IFs) permanecem confiantes na estabilidade financeira, o bom desempenho dos indicadores no 1S22 melhoraram essa percepção.

Para o BC, o sistema bancário mostra um nível de liquidez adequado para o funcionamento da intermediação financeira, sem oferecer risco à estabilidade, mesmo com a significativa redução dos colchões constituídos na pandemia. Além da atividade, as captações reagem ao ciclo de aperto monetário, de modo que já se observa um aumento do apetite de risco dos investidores e a demanda de aplicações de prazos mais longos e de maior retorno.  Ademais, a redução significativa dos ativos líquidos foi observada em IFs que mantiveram na pandemia elevados colchões de liquidez, sendo compensada pelo direcionamento de recursos para a concessão de crédito.

No crédito, a contribuição dos empréstimos para as pessoas físicas (PFs) foi maior, enquanto os para empresas (PJs) houve uma acomodação no 2S21, com uma taxa de expansão mais modesta nas modalidades para as grandes empresas (GEs). Para PFs, o apetite a risco cresceu, de modo que os scores médios de contratação cresceram. Porém, mesmo com a redução dos programas emergenciais para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), o segmento contabilizou uma expansão mais vigorosa em relação à observada no período pré-pandemia nas operações não vinculadas aos programas de governo. Já o mercado de capitais despontou como uma importante fonte de financiamento para as GEs.

No que se refere à base de capital, a grande maioria das IFs atende aos requerimentos mínimos prudenciais utilizando apenas o Capital Principal. Os resultados dos testes de estresse seguem indicando que o sistema possui adequada resiliência em todos os cenários simulados. As provisões de créditos mostram-se suficientes para suportar as perdas esperadas com crédito. Após declinar por um longo período, as despesas de provisões líquidas estabilizaram-se no nível verificado no pré-pandemia. Um eventual aumento dos ativos problemáticos (APs) não deveria trazer maiores dificuldades, dado que o atual colchão de provisões poderia ser utilizado.

Após se recuperar da queda significativa em no 1S20, a tendência é de acomodação nos resultados do sistema.  O impacto da alta do custo de captação na margem de crédito será mais do que compensado por uma composição da carteira com maior peso em modalidades de maior risco e novos empréstimos com taxas mais altas. Por fim, com o arrefecimento da atividade econômica e uma competição mais acirrada, a expectativa é de um menor crescimento das receitas de serviços em 2022.

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