Com a inflação do consumidor (CPI) nos EUA vindo abaixo das expectativas de mercado, elevou-se a probabilidade de que o Federal Reserve reduza o ritmo de alta dos juros na próxima reunião de política monetária e, consequentemente, aumentando o apetite ao risco. Dessa forma, o dólar depreciou-se no mercado de câmbio internacional, houve a queda na rentabilidade dos T-Notes e a valorização das bolsas. Entretanto, com as discussões que envolvem o orçamento de 2023 e os eventuais reflexos no cenário fiscal, o comportamento dos ativos locais se descolou. Na semana, o real se depreciou 5,3% em relação ao dólar que fechou cotado a R$ 5,33. Os prêmios na curva de juros se elevaram com a surpresa do IPCA de 0,59% em outubro, assim a taxa real de juros ex-ante subiu 0,7 p.p. para 8,4% a.a.. Mesmo com a desaceleração na margem de 7,17% a.a. para 6,47% a.a., as diversas medidas de núcleo da inflação sugerem uma longa jornada para a sua convergência às metas. O IBC-Br manteve-se praticamente estável em setembro, entretanto acumulando altas de 1,4% no 3T22 e de 2,3% a.a., registrando um carrego estatístico negativo de -0,4% para o 4T22 e uma alta de 2,8% para ano. O desempenho segue baseado na recuperação do segmento de serviços, que apresentou um acréscimo de 0,9% em setembro e de 8,9% a.a. no acumulado em 12 meses. O setor do varejo fechou com altas de 1,1% no restrito e de 1,5% no ampliado, mas respectivamente com quedas de -0,7% e de -1,6%. A produção de veículos apontou retração na margem de -0,8% em outubro, indicando possíveis reduções na produção industrial e no varejo ampliado no 4T22. Ainda em outubro, a caderneta de poupança apresentou a retirada líquida de R$ -11,0 bilhões. O movimento reflete a perda de atratividade em relação a outros investimentos, além de sugerir a sua utilização como complemento à renda. Cenário agravado pelo fato de que 79,2% das famílias se consideravam endividadas, conforme indicou a pesquisa de sentimento da CNC para outubro. Ademais, o nível de renda comprometida apontado pelas famílias era de 30,3%, mesmo após 3 meses seguidos com deflação mensal, que teria conferido uma folga adicional no orçamento das famílias. Para esta semana, destaque para as discussões da PEC da transição, dos números relativos ao comportamento da economia nos EUA e eventuais desdobramentos nos prêmios de risco. Por fim, ter-se-á a divulgação do IGP-10, indicadores de atividade da China e Zona do Euro e a inflação ao consumidor na Zona do Euro.
Boa leitura!