Mesmo com uma surpresa positiva na divulgação, na semana, do IPCA de março, a inflação esperada no Boletim Focus para 2023 subiu 0,03 p.p. para 6,01% e a de 2024 aumentou 0,04 p.p. para 4,18%. Em janeiro, o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br) registrou uma queda de -0,04% na margem, composta pelas reduções de -0,3% na produção da indústria e de -3,1% em serviços e pela alta de apenas 0,2% no varejo ampliado. Essa evolução suscita preocupações quanto ao crescimento em 2023, subsidiando as apostas de antecipação do ciclo de flexibilização monetária no mercado futuro de juros, a despeito da deterioração das expectativas. Assim, os prêmios implícitos na curva de juros voltaram a cair, ocorrendo um descolamento entre as expectativas das mesas de operações acerca da dinâmica inflacionária e as dos economistas, de modo que a taxa real de juros ex-ante recuou -0,12 p.p. para 7,24% a.a., embora o nível seja bem contracionista.
O descasamento ocorreu, também, em relação ao exterior, no qual o rendimento das T-Notes de 10 anos subiu 0,13 p.p. no período para 3,52% a.a.. Com a estabilização dos depósitos bancários, mitigando significativamente os riscos sistêmicos e limitando os efeitos macroeconômicos, e os indicadores mostrando a força da economia nos EUA, a política monetária estará focada fundamentalmente na evolução dos indicadores de inflação e atividade. Com isso, é quase certa uma alta de 0,25 p.p. em maio na taxa básica de juros. Mesmo assim, o dólar perdeu força tanto frente às moedas dos países desenvolvidos (-0,03%), quanto em relação às dos emergentes (-0,85%). Com o real apreciando-se em 2,9%, o dólar encerrou cotado a R$ 4,91, o menor patamar desde 25/04/22.
Para esta semana, o destaque mais importante é a entrega do novo arcabouço fiscal no Congresso, sem se esquecer as divulgações da produção industrial, PIB da China, inflação ao consumidor na Zona do Euro e o Livro Bege nos EUA.
Boa leitura!