Em que pese os riscos da recente deterioração das condições financeiras, o mercado de crédito tem mostrado uma evolução bem favorável ao longo de 2024, de forma compatível com o ciclo de afrouxamento monetário iniciado em ago/23 e o maior dinamismo da atividade econômica. O ritmo de expansão do Crédito Ampliado ao Setor não Financeiro (CASNF) saiu de 8,3% a.a. em dez/23 para 12,2% a.a. em maio. A queda na taxa de juros básica beneficiou, ainda, o aumento dos investimentos das grandes empresas (GE) por meio da emissão de instrumentos financeiros no mercado de capitais. Com isso, o crescimento do estoque de CRAs, CRIs e direitos creditórios em FIDCs acelerou de 27,6% a.a. em dez/23 para 31,1% a.a. e o das debêntures e notas comerciais de 15,0% a.a. em dez/23 para 18,8% a.a.. Ademais, a variação anual do saldo do crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) apresentou elevação pelo 4º mês consecutivo, saindo de 8,1% a.a. em dez/23 para 9,2% a.a. em maio. Apesar do quadro positivo, o impacto da forte elevação nas taxas de juros de prazo mais longo no funding gera receios no que tange às condições prospectivas para a oferta e a demanda de crédito. Ainda que devam ser considerados outros fatores como a composição dos portfólios, a redução de apenas -0,1 p.p. na taxa média das modalidades de empréstimos para as pessoas jurídicas (PJ) com recursos livres (RL), ante uma redução de -1,25 p.p. da Selic, é um sinal a ser monitorado. Na mesma linha, o indicador do crédito às pessoas físicas (PF) também apresentou variação inferior à Selic, reduzindo-se em apenas -1,0 p.p. no ano. Com a elevação nos prêmios de risco, houve aumento no custo de captação das instituições financeiras (IFs) que, conjugada com a evolução da taxa média de aplicação, reduziu o spread médio das operações no ano em -1,1 p.p.. Como reflexo, a Média Móvel Trimestral (MM3) das concessões totais ajustadas sazonalmente, que procura capturar a tendência de curto prazo, forneceu outros indícios dos impactos da maior inclinação na curva de juros. A alta de 1,8% no trimestre fechado em maio frente ao período encerrado em fev/24 foi inferior aos 3,0% verificados em abr/24 e aos 4,9% em mar/24. A inadimplência do crédito do SFN tem permanecido relativamente estável, saindo de 3,2% em dez/23 para 3,3% em maio, com o indicador para PJ passando de 2,5% em dez/23 para 2,6% e, no mesmo patamar de dez/23, o indicador para PF ficou em 3,7%. Mantendo-se em 3,3% por 7 meses consecutivos, a Média Móvel Semestral (MM6) dos atrasos entre 15 e 90 dias indica uma perspectiva confortável para a qualidade dos ativos com RL. Para as PJ, o indicador tem mostrado estabilidade, mas com diminuição no segmento de Ge e aumento no de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).
Boa leitura!