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Pré-Copom: Janeiro/2023

  • Diante dos dados, projeções, expectativas de inflação, balanço de riscos e defasagens dos efeitos do aperto da política monetária, o Copom decidiu na reunião de dezembro pela manutenção da meta Selic em 13,75% a.a.. Naquele momento, acreditava-se que a manutenção por um período suficientemente prolongado da taxa de juros em patamar significativamente contracionista seria apropriada para que no horizonte de tempo relevante, a inflação convergisse para o redor da meta. Com base nas mesmas fundamentações daquela decisão, acreditamos que a taxa Selic deva ser mantida na reunião da próxima semana, ainda que tenha ocorrido, desde o último encontro, alguma deterioração em alguns aspectos.
  • Valendo-se da trajetória da taxa de juros sinalizada na reunião de dezembro pelo Boletim Focus, da taxa de câmbio partindo de US$/R$ 5,25 e evoluindo segundo a PPC, do preço do petróleo evoluindo aproximadamente com a curva futura pelos 6 meses seguintes e posteriormente aumentando em 2% a.a. e das hipóteses de bandeira tarifária “amarela” para dez/23 e dez/24, as estimativas do cenário de referência para o IPCA do Copom eram de 5,0% para 2023 e de 3,0% para 2024. Ademais, considerando-se o 2T24 como o horizonte relevante para a política monetária, a projeção de inflação acumulada em 12 meses era de 3,3%. No entendimento do Copom, as estimativas eram compatíveis com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta.
  • Atualizando-se as premissas do cenário de referência, observamos que as projeções de inflação no Boletim Focus se deterioraram a partir de dezembro, com as de 2023 saindo de 5,1% para 5,48% e as de 2024 de 3,5% para 3,84%. Porém, apesar da maior volatilidade nos preços dos ativos financeiros por causa de incertezas em questões relativas à evolução prospectiva dos fundamentos fiscais, a taxa de câmbio do US$ passou de R$ 5,25 para uma cotação próxima a R$5,14 em 24/01. Adicionalmente, com o aumento das expectativas inflacionárias para os próximos 12 meses, a taxa real de juros ex-ante reduziu-se entre 0,6 p.p. e 0,7 p.p., entretanto permanecendo ainda em terreno fortemente contracionista. Como variável relevante para as projeções, o preço do barril de petróleo aumentou em aproximadamente US$ 10, desde o último encontro do Copom. Porém, vale assinalar, que com a deterioração das expectativas inflacionárias, a trajetória de redução da Selic indicada no Focus desacelerou, saindo na data do Copom de uma taxa de 11,75% a.a. para 12,50% a.a. ao final de 2023 e de 8,5% a.a. para 9,50% a.a. no término de 2024. 
  • Ademais, a desaceleração recente da inflação corrente concentrou-se em itens voláteis, impulsionada fundamentalmente pelas medidas de desoneração tributária. Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária mantêm-se ainda bem acima do intervalo compatível com o cumprimento das metas inflacionárias.
  • No que tange aos fatores de risco para a inflação citados na ata do último encontro, houve: (i) uma redução das pressões da inflação internacional; (ii) uma relativa acomodação na percepção da trajetória das contas públicas, com a divulgação de algumas medidas de curto prazo pelo governo; (iii) um aumento na expectativa na abertura do hiato do produto com a desaceleração contratada da atividade econômica; (iv) uma redução dos preços em reais das commodities; (v) um recrudescimento na probabilidade de ocorrência de uma recessão global; (vi) a manutenção do corte de impostos sobre o diesel, biodiesel e gás natural até o fim do ano, o que contribuiria positivamente para a inflação, porém com a sinalização da reversão das medidas para a gasolina e etanol a partir de mar/23.P
  • Resumindo, ainda que tenha ocorrido alguma alteração no balanço de riscos desde o último encontro do Copom, acreditamos que na reunião de dezembro a Selic deva e deverá ser mantida em 13,75% a.a.. Diante da incerteza acima da usual, acreditamos que os movimentos nas premissas do cenário de referência não sejam suficientes para requerer uma mudança nas diretrizes da política monetária delineadas na ata da reunião de dezembro.

Boa leitura!

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