Considerações baseadas nas opiniões dos economistas do mercado acerca do cenário econômico, relatadas em encontro recente com a autoridade monetária e na divulgação do PIB no 1T20:
•Em relação ao último encontro, as observações tornaram-se defasadas. Naquele instante as preocupações com o cenário externo estavam restritas aos efeitos diretos e indiretos da crise sanitária na China (balança comercial, fluxos financeiros e preços das commodities). No âmbito interno, as discussões estavam centradas na quantificação do hiato do produto, na preocupação com o repasse da depreciação cambial embora inexistissem sinais claros e a constatação do impacto contracionista da política fiscal.
•Os analistas levantaram questionamentos acerca da evolução da atividade econômica global (em forma de V ou U). O sentimento de rápida recuperação perdeu força, de modo que gradualmente as expectativas de crescimento para 2021 deverão ser reduzidas e não deverá haver sincronia entre os países para essa retomada.
•No que refere à inflação doméstica os focos de atenção deverão estar para o comportamento dos preços dos bens administrados, principalmente pela evolução da trajetória do preço do petróleo e do tamanho do hiato do produto. A queda da cotação do barril de petróleo tem sido mais que suficiente para compensar a depreciação da taxa de câmbio, o que tem se traduzido em um balanço de riscos para inflação. Significativas inquietações advinham do tamanho do hiato do produto e dos reflexos negativos da crise da Covid19 no produto potencial.
•Os economistas assinalaram a ancoragem das expectativas inflacionárias, fundamentalmente pelo elevado grau de capacidade ociosa, a despeito da depreciação cambial. As preocupações com a manutenção do estímulo monetário referiam-se ao risco fiscal, ou melhor, de que a trajetória do endividamento tornasse insustentável. Para alguns, os prêmios implícitos na inclinação da estrutura a termo da dívida não contemplariam esse cenário. A pergunta que restou é qual seria o canal fiscal para inflação por meio da taxa de câmbio?
•O PIB no 1T20 reduziu-se em 1,5% em relação ao trimestre anterior, confirmando a desaceleração do crescimento mesmo antes da paralisação da atividade em meados de março. Para o próximo trimestre, espera-se uma queda de maior intensidade. O setor externo favorecido pela dinâmica cambial e o agropecuário deverão amortecer apenas parcialmente a abrupta queda do consumo das famílias e dos investimentos. A redução da demanda agregada será agravada pelos aumentos da incerteza e da poupança precaucional que variará conforme a magnitude ou duração da pandemia. Para os analistas, as projeções de queda do PIB para 2020 deveriam mostrar contínua elevação, com apenas recuperação parcial para 2021.