Reiterando as mensagens anteriores, ao afirmar que a deterioração adicional das expectativas poderia levar a um prolongamento do ciclo de aperto monetário, a Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) pareceu indicar a preferência por estender o processo, ao invés de promover um ritmo mais intenso de alta na Selic. Porém, mesmo com essa leitura, o mercado de opções do Copom da B3 mostrou um aumento nas projeções de um movimento mais intenso na política monetária. Embora para a reunião de dezembro, a probabilidade de uma alta de 0,50 p.p. tenha subido de 48,0% no dia 08/11 para 53,5% em 14/11, para a reunião de janeiro, as chances de uma alta de 0,75 p.p. elevaram-se de 32,4% para 46,6%.
Diante da necessidade de uma política monetária mais contracionista para que se tenha a convergência da inflação à meta desafiadora de 3,0% no horizonte relevante, a taxa real de juros ex-ante subiu 2,70 p.p. no ano, saindo de 8,52% a.a. em 08/11 para 8,57% a.a. em 14/11, adentrando-se ainda mais em território contracionista, quando considerada a taxa neutra de 4,75% a.a. estimada pelo Banco Central (BC).
Esperando um aumento de 0,50 p.p. em dezembro, o Boletim Focus indica que a Selic encerre 2024 em 11,75% a.a.. Subindo 0,50 p.p. em janeiro e 0,25 p.p. em março e caindo -0,25 p.p. em novembro e dezembro, o indicador fecharia 2025 em 12,00% a.a., ante 11,50% a.a. na semana anterior.
Apesar do maior aperto esperado, persiste o movimento de desancoragem das expectativas. Para o final do 2T26, a estimativa da inflação acumulada em 12 meses ampliou-se de 3,85% em 08/11 para 3,88% em 14/11. Um grande complicador para reversão desta tendência advém da depreciação cambial, que tende a ser agravada pelo impacto da perspectiva da prática de políticas protecionistas nos EUA, que elevariam a inflação e a taxa de juros, apreciando o dólar no mercado de câmbio internacional.
Adicionalmente, contribuíram também as declarações do Federal Reserve (Fed) de que o desempenho da atividade se mantém sólido, o que propiciaria espaço para uma flexibilização gradualista. Na semana em que o BC leiloou US$ 4,0 bilhões em linha de dólar, com compromisso de recompra em abril e julho de 2025, a moeda encerrou o período cotada a R$ 5,80, com o real acumulando uma depreciação de 19,46% no ano.
Os indicadores de alta frequência continuam sinalizando o bom dinamismo na economia doméstica, apontando para um crescimento robusto do PIB no 3T24. O Índice de Atividade do BC (IBC-Br) acumulou uma alta 1,12% no 3T24 e de 2,97% a.a., alavancado pelas expansões de 3,89% a.a. no comércio e de 2,31% a.a. nos serviços.
Ao longo da semana, em meio à expectativa com a divulgação do pacote de medidas para conter os gastos públicos, as atenções estarão voltadas para os números fiscais, como o relatório Bimestral de Receitas e Despesas, arrecadação de impostos. Da mesma, servirão como termômetro da atividade o Relatório de Estabilidade Financeira e o Monitor do PIB, além da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). No exterior, destaques para indicadores do setor imobiliário nos EUA, atividade industrial e de serviços nos EUA e China, além de inflação ao consumidor na Zona do Euro.