A geração de novos postos de trabalho nos EUA bem acima do consenso, ratificando a hipótese de que a política monetária prossiga apertada por um período longo deteriorou a aversão ao risco, com o fortalecimento do dólar em relação às moedas emergentes e a elevação das taxas de juros de prazos mais longos.
Mesmo com esse estresse, o Focus manteve a trajetória de flexibilização monetária, indicando a Selic encerrando 2023 em 11,75% a.a. e 2024 em 9,00% a.a.. Entretanto, os efeitos da recente volatilidade no mercado futuro de juros evidenciam os riscos para que essa evolução seja concretizada. Assim, a taxa real de juros ex-ante ficou em 6,83% a.a., o que representou uma elevação de 0,06 p.p. na semana, permanecendo bem acima do patamar de 4,5% a.a., considerado como neutro pelo Banco Central. No horizonte relevante, as expectativas inflacionárias na Focus continuam parcialmente ancoradas, com a estimativa para 2024 oscilando de 3,87% para 3,88% e para 2025 estabilizando-se em 3,50%.
Apesar da aceleração, a dinâmica de preços no atacado medido pelo IPA-DI, mantém-se benigna, saindo de uma deflação de -10,82% a.a. em ago/23 para -8,83% a.a.. Como alerta para o processo inflacionário, o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) apresentou um incremento de 8,66% no 3T23. A geração líquida de vagas acumulada em 12 meses no Caged mantém trajetória de queda, com contrações de -4,3% a.m. e de -40,1% a.a.. Já o salário médio real de admissão, deflacionado, apresentou elevações de 0,1% na margem e de 0,4% em 12 meses, indicando uma baixa pressão inflacionária do mercado de trabalho. Apesar da alta de 0,45% em agosto, a indústria continua caminhando de lado.
Para esta semana, as divulgações do IPCA e inflação ao consumidor e produtor nos EUA poderão dar maiores referências para as evoluções das taxas de juros.
Boa leitura!