A manutenção do afrouxamento monetário, o mercado de trabalho aquecido, as transferências de renda e o pagamento de precatórios sustentam as perspectivas positivas com o aquecimento da economia no início desse ano. Com isso, as projeções do avanço em 2024 vão se aproximando gradativamente de 2,0%. Contudo, o papel da agropecuária deverá ser bem menos relevante e a recuperação esperada nos próximos meses deverá ser melhor distribuída. O consumo das famílias deve ser favorecido pela elevação do salário mínimo e outros programas sociais, além da maior disseminação dos efeitos da flexibilização monetária e o pagamento dos precatórios. No que tange aos investimentos, após 4 trimestres consecutivos em queda, a Formação Bruta de Capital de Fixo (FBCF) já exibiu uma elevação no 4T23. Mesmo com a trajetória positiva da arrecadação, as projeções fiscais mostraram poucas alterações no Boletim Focus, com a estimativa do déficit primário de 2024 mantendo-se em -0,78% do PIB. Com dificuldades para o aumento da arrecadação federal, há possibilidade de alteração na meta de 0%, com o comportamento favorável apenas adiando essa revisão. O IPCA-15 de fevereiro trouxe algum desconforto, com a média móvel trimestral (MM3) anualizada da série dessazonalizada acelerando de 3,07% a.a. em jan/24 para 4,71% a.a., e serviços subjacentes de 5,10% a.a. para 5,83% a.a.. Da mesma forma, a média dos 5 núcleos acompanhados pelo Banco Central (BC) aumentou de 3,03% a.a. em jan/24 para 3,80% a.a.. Em janeiro, a renda média real habitual dos trabalhos fechou o trimestre móvel com elevações de 1,6% no trimestre e de 3,8% a.a., enquanto a massa salarial acumulou altas de 2,1% no trimestre e de 6,0% a.a., trajetória que deve sustentar o consumo das famílias. Apesar de confirmar a desaceleração da inflação, o índice de despesas de consumo pessoal (PCE) nos EUA e o arrefecimento de alguns indicadores de atividade ainda não foram capazes de assegurar a convergência da inflação à meta e, consequentemente, de alterar o cenário base de que o Federal Reserve (Fed) só comece a reduzir a taxa de juros básica em junho, com uma probabilidade de 56,8% de corte de -0,25 p.p.. Acompanhando o movimento internacional, a curva de juros apresentou uma redução nos prêmios na semana. O Boletim Focus projeta 4 cortes consecutivos na Selic de -0,50 p.p., seguido por mais 1 de 0,25 p.p., levando a meta Selic a 9,00% a.a. no encerramento de 2024. Em 23/02, a taxa real de juros ex-ante de 1 ano era de 6,06%, patamar contracionista quando comparado com os 4,5% a.a. considerado como neutro pelo BC. No que tange à estabilidade financeira, o Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) destacou que monitora à dinâmica de resgates das cadernetas de poupança e seus efeitos nas concessões de crédito imobiliário. Tendo em vista a relevância dos arranjos de pagamento para a economia, acompanha a evolução da indústria de cartões de crédito em seus diversos recortes. Por fim, pela ausência de acúmulo significativo de riscos financeiros e as suas expectativas sobre o crescimento do crédito, o Comef entende que a política macroprudencial deve manter-se neutra. Para esta semana, ficam os destaques para as divulgações da produção e emplacamento de veículos, da produção industrial, da balança comercial, das estatísticas fiscais e do setor externo, do IGP-DI, do PIB na Zona do Euro, do Livro Bege nos EUA, das inflações ao consumidor e do produtor na China, além da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
Boa leitura!