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Comportamento Semanal – Condições mais restritivas

Diante de um cenário global incerto e de um doméstico marcado pela resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação, maior desancoragem das expectativas, forte depreciação cambial e incertezas acerca das contas públicas, demandando um acompanhamento diligente e ainda maior cautela, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu de forma unânime pela manutenção da taxa Meta Selic em 10,50% a.a.. A combinação desses fatores levou o mercado a precificar uma política monetária mais restritiva.

Reforçando a leitura de um mercado de trabalho aquecido, o Caged reportou a criação líquida de 201 mil vagas em junho, acumulando 1,73 milhão de postos em 12 meses (+4,4% a.a.), ao mesmo tempo que a taxa de desocupação recuou para 6,9% da força de trabalho. Ainda em junho, a produção industrial cresceu 4,13% na margem, na série dessazonalizada, com uma forte recuperação após a calamidade no Rio Grande do Sul (RS), levando a variação anual da produção acumulada em 12 meses para 1,54% a.a., evidenciando um hiato do produto mais apertado.

Contudo, observa-se um descolamento entre as projeções do Boletim Focus e as apostas no mercado de opções do Copom na B3. No Focus, a mediana das projeções para a taxa Selic ao final de 2024 se manteve em 10,50% a.a., mas para 2025, saiu de 9,50% a.a. há 1 semana para 9,75% a.a., permanecendo em 9,00% a.a. para 2026 e 2027. Já na B3, na sexta-feira (02/08), apontava 68,4% de chance de manutenção da taxa Selic na reunião de setembro, mas com 19,26% de probabilidade de uma alta de 0,50 p.p. e 10,95% de uma elevação de 0,25 p.p..

Apesar da deterioração das condições financeiras no ambiente interno, o cenário internacional pode contribuir no caso de um afrouxamento monetário pelo Federal Reserve (Fed). Os recentes dados reforçando a perda de ímpeto da economia, sobretudo no mercado de trabalho, e a diminuição das pressões inflacionárias nos EUA, criam as condições necessárias para o início desse processo. Na semana, o mercado passou a precificar um ciclo de corte mais agressivo na Fed Funds, corroborado pelo comunicado após a manutenção da taxa entre 5,25% 5,50% a.a., com as apostas de uma redução de -0,50 p.p. em setembro elevando-se de 11,4% em 29/07 para 74,0% em 02/08.

O payroll de julho mais fraco do que o esperado, apontando para uma diminuição no ritmo de criação de vagas e no aumento dos salários, e a elevação da taxa de desemprego para 4,3%, juntamente com a queda na atividade industrial, voltando ao patamar que indica contração, suscitaram dúvidas quanto à um pouso suave da economia.

Assim, o retorno da T-Note de 10 anos caiu -0,40 p.p. na semana para 3,80% a.a. e o dólar se enfraqueceu frente às moedas de países desenvolvidos (-1,06%). Penalizada pelo desmonte de posições em carry trade e a redução nos preços das commodities, o dólar se apreciou 0,36% em relação a uma cesta de moedas emergentes. Já o real encerrou com um desempenho inferior à média de seus pares, se depreciando em 1,26%, com o dólar cotado a R$ 5,73. Favorecendo-se do movimento no exterior, a taxa real de juros ex-ante acumulou uma retração de -0,37 p.p. na semana, para 7,06% a.a., mas ainda em nível contracionista quando comparada à taxa neutra estimada pelo Banco Central (BC) de 4,75% a.a..

Para esta semana, espera-se a ata da reunião do Copom, que deverá dar maiores sinais quanto à condução da política monetária, além do IPCA, IGP-DI, produção de veículos e balança comercial. No cenário externo, destaques para as divulgações do PMI serviços nos EUA, China e Zona do Euro, vendas no varejo na Zona do Euro, crédito ao consumidor nos EUA e inflação ao consumidor e ao produtor na China.

Boa leitura!

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