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Comportamento Semanal – Ajustando as mensagens?

Ainda que não devam ocorrer surpresas, seria importante que as reuniões desta semana do Banco Central (BC) e do Federal Reserve (Fed) pudessem trazer sinalizações para as trajetórias futuras das políticas monetárias, com implicações para a precificação dos ativos financeiros e atividades econômicas. No que se refere ao BC, há o consenso acerca de um novo corte de -0,50 p.p., de modo que a Meta Selic ficaria em 11,75% a.a.. A expectativa é de que o IPCA de novembro reitere o cenário favorável para a inflação, com a variação do indicador acumulada em 12 meses voltando a ficar dentro do intervalo de confiança e as principais medidas qualitativas dando suporte à flexibilização monetária.

Adicionalmente, ainda não é constatado um movimento de queda consistente nas expectativas inflacionárias, de modo que no horizonte relevante, as projeções para o IPCA estão desancoradas, ficando em 3,93% para 2024 e em 3,50% para 2025, o que é um fator complicador para a política monetária. A inflação acumulada em 12 meses, medida pelo IGP-DI, mantém-se em campo negativo, acumulando uma queda de -3,62% a.a.. Assim, mesmo com a dinâmica benigna da inflação e dos seus componentes, é necessário que a taxa real permaneça em patamar contracionista para que a inflação convirja à meta de 3,0%.

Embora não tenha vindo negativo, como esperavam os analistas de mercado, o PIB do 3T23 evidenciou a desaceleração no ritmo de crescimento. Na série dessazonalizada, após uma alta de 1,0% no 2T23 e de 1,4% no 1T23, o indicador registrou uma alta de 0,1% na margem. Porém, com o carrego estatístico de 3,0% para 2023, as projeções do Boletim Focus ajustaram-se de 2,84% para 2,92%. Ainda esta semana, os dados das pesquisas mensais de serviços e comércio, além do IBC-Br, referentes ao mês de outubro podem ajudar a mensurar o arrefecimento da atividade. Na dependência da percepção de uma desaceleração mais intensa da atividade e da redução bem gradual da taxa real de juros, poderia ser avaliada uma alteração na mensagem do BC, deixando uma abertura para uma elevação no ritmo de queda da Selic.

Perdendo recursos desde 2021, afetada pela inflação elevada, pelo endividamento das famílias e pelas remunerações mais elevadas de outros instrumentos financeiros, a perda de recursos acumulada na caderneta de poupança até novembro somava R$ -101,59 bilhões.

Com o aumento dos gastos com programas sociais e previdenciários e o recuo na arrecadação, o déficit primário acumulado em 12 meses ampliou-se de -0,97% do PIB em set/23 para -1,08% (+1,78% do PIB em out/22). O ambiente nas contas externas é de tranquilidade, com o déficit em transações correntes acumulado em 12 meses, correspondendo a 1,62% do PIB em outubro, totalmente financiado pelos investimentos externos, ainda que se tenha uma redução no montante nesse mesmo período. 

Apesar das recorrentes mensagens do Fed de que não se pode visualizar corretamente o início do processo de flexibilização monetária, da sua disposição em promover um eventual aperto se necessário e da distância da inflação à meta de 2,0%, os investidores estão dispostos a precificar a antecipação do processo de queda da taxa básica de juros. Porém, os dados do relatório de emprego diminuíram as apostas de um corte em março, tornando como o provável início em maio. Nesse sentido, aliado à manutenção dos Fed Funds na faixa entre 5,25% e 5,50%, seria desejável que o teor do comunicado do Fed produzisse um maior alinhamento acerca da trajetória futura da taxa básica de juros entre as expectativas de mercado e da autoridade monetária, o que ajudaria a mitigar a volatilidade dos ativos. Para a semana, as atenções também se voltam à divulgação da inflação ao consumidor (CPI) dos EUA e a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).  

Boa leitura!

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