Apesar do bom momento para o balanço de riscos da inflação, as projeções para o IPCA acumulado em 12 meses no horizonte relevante para a política monetária (1º trimestre de 2024) apontam, pelo Boletim Focus, uma variação de 4,46%, valor bem acima do alvo perseguido pela autoridade monetária. A despeito da deflação e da menor pressão dos preços administrados, as medidas subjacentes ainda se encontram em patamares incompatíveis às metas, com a alimentação no domicílio em 15,78% a.a., a dos bens industriais em 14,12% a.a. e a dos serviços em 9,27% a.a.. Na semana, a taxa real de juros ex-ante ficou em 7,44% a.a., patamar bem contracionista. Acrescentando-se a esse cenário as declarações mais firmes de diretores do Banco Central, o entendimento é de que a taxa Selic permaneça em 13,75% a.a. por um prazo considerável e de que apostas de uma antecipação no afrouxamento mostram-se precipitadas. Mesmo com a alta de 0,13 p.p. no retorno das T-Notes de 10 anos para 3,33% a.a., o dólar perdeu força frente às divisas dos países desenvolvidos. Em relação ao real, encerrou a semana com depreciação de 0,43%, cotado a R$ 5,15, por causa da elevação dos preços das commodities. A PEIC de agosto registrou nova alta na parcela de famílias endividadas, alcançando 79,0%, recorde da série histórica iniciada em jan/10, ainda que tenham ocorrido uma melhoria no mercado de trabalho e políticas de transferência de renda. Os dados da caderneta de poupança, também de agosto, mostram a saída líquida de R$ 22,0 bilhões, volume recorde desde o início da série em 1995. Esse movimento decorre da inflação e endividamento elevados reduzindo o poder de compra dos consumidores e da realocação dos investimentos em benefício de ativos de renda fixa. Para esta semana, destaques para as divulgações dos indicadores de atividade (PMC, PMS e IBC-Br), IGP-10, inflação ao consumidor norte-americano e da zona do euro.
Boa leitura!