O avanço das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) recuou de 8,2% a.a. em set/23 para 7,3% a.a. em outubro (15,6% a.a. em out/22). De acordo com o Banco Central (BC), essa desaceleração estaria em ritmo compatível com a política monetária e à aversão ao risco das instituições financeiras (IFs) com a deterioração da qualidade das carteiras. Nos empréstimos para pessoas jurídicas (PJ), a expansão reduziu-se de 4,5% a.a. em set/23 para 3,8% a.a. (10,1% a.a. em out/22). No recorte por porte, a expansão para as micro, pequenas e médias empresas (MPMe) manteve-se na margem em 6,0% a.a. (14,1% a.a. em out/22). Contando também com o mercado de capitais como fonte de financiamento, os empréstimos para as grandes empresas (Ge) diminuíram de 0,8% a.a. em set.23 para 0,4% a.a.. Movimento similar ocorreu em relação ao crédito para as pessoas físicas (PF), com a taxa de crescimento saindo de 10,8% a.a. em set/23 para 9,6% a.a. em outubro. Com critérios mais restritivos da concessão nas modalidades de maior risco, o crédito não consignado passou na margem de 7,0% a.a. para 6,9% a.a. (22,5% a.a. em out/22) e o cartão de crédito total de 10,2% a.a. para 8,8% a.a. (35,1% a.a. em out/22).
Em um cenário complexo para a atividade econômica e de taxas de juros elevadas, a inadimplência para as MPMe ficou estável no mês em 4,0%, elevando-se em 1,0 p.p. em 12 meses (12m). Aumentando 0,1 p.p. no mês e 1,2 p.p. em 12m, o indicador ficou em 1,4% para as Ge. Para PF, o indicador era de 6,6% no crédito pessoal não consignado (-0,2 p.p. no mês e -0,9 em 12m); 54,9% no rotativo do cartão de crédito (+5,7 p.p. no mês e +11,4 p.p. em 12m); e 10,0% no parcelado do cartão (-0,8 p.p. no mês e +2,6 p.p. em 12m).
A partir de jun/23, quando se iniciou a queda nos prêmios na curva de juros, não constatou-se efeito significativo nas concessões. A elevação das concessões totais acumuladas em 12m saiu de 5,3% a.a. em set/23 para 4,6% a.a. (9,9% em jun/23 e 23,4% a.a. em out/22), com recursos livres (RL) variando de 5,0% a.a. para 4,3% a.a. (9,2% a.a. em jun/23 e 24,7% a.a. em out/22) e com recursos direcionados (RD) de 7,8% a.a. para 6,9% a.a. (15,1% a.a. em jun/23 e 13,5% a.a. em out/22). Se o início da flexibilização monetária tem tido efeito limitado nas concessões, o seu impacto não tem sido diferente nas taxas de aplicação. Considerando-se jun/23 como o início das quedas nas taxas futuras de juros, a redução nos novos empréstimos com RL para PF neste período foi de -3,7 p.p., contudo -2,8 p.p. deveu-se à mudança na composição das concessões, basicamente com a perda de representatividade das modalidades rotativas.
Com base nesse quadro, a Assessoria Econômica da ABBC estima que o crescimento do total da carteira em 2023 seja de 7,3%, com avanço de 5,6% com RL (8,5% para PF e 2,0% para PJ) e 9,7% com RD (9,0% para PF e 11,0% para PJ).
Boa leitura!