A despeito da forte queda da atividade, o mercado de crédito exibe um desempenho consistente mitigando os impactos do cenário recessivo. As diversas iniciativas implementadas para o segmento corporativo contribuíram na aceleração do crescimento do crédito em 2020, inclusive revertendo o protagonismo dos empréstimos às famílias verificado desde 2008. Por causa dos impactos dos programas emergenciais, como o PESE, Pronampe, PEAC-FGI e PEAC-Maquininhas, o Banco Central revisou a projeção de crescimento da carteira de crédito total para 2020 de 7,6% para 11,5%. Para 2021, a projeção é de redução na taxa de expansão de 7,3% da carteira total, tendo como premissa a queda na alavancagem no crédito para as empresas.
Em agosto, o estoque total de crédito do sistema financeiro mantinha ritmo de expansão de 12,1% a.a., equivalente a 51,9% do PIB, o maior patamar desde mai/16. As operações com recursos livres (RL) cresciam 16,4% a.a., alta de 26,9% a.a. para pessoas jurídicas (PJ) e de 8,3% a.a. para pessoas físicas (PF). Destaques para as modalidades capital de giro (45,7% a.a.) e crédito consignado (10,9% a.a.). Com reversão de trajetória, as operações utilizando recursos direcionados (RD) encerraram o mês expandindo-se em 6,6% a.a., com alta de 2,5% a.a. para PJ e de 9,4% a.a. para PF. Nas modalidades com RD para PJ, o destaque ficou para a elevação de 43,3% de “outros créditos (operações contratadas diretamente com o BNDES ou realizadas por outras instituições financeiras por meio de repasses) por causa das linhas emergenciais de crédito do governo.
No acumulado do ano em relação ao mesmo período de 2019, as concessões totais ajustadas sazonalmente cresceram 5,6%, com altas de 34,1% com RD e de 2,7% com RL. No segmento com RL para PF ocorreu queda de -1,4%, enquanto para PJ com RL aumentou 13,1%. Com RD, a expansão era de 39,1% a.a. para PJ e de 16,8% a.a. para PF. Por modalidades, destaques para o capital de giro (70,5% a.a.) e o financiamento imobiliário para PF (24,1%).
Os programas assistenciais e de estímulo ao crédito, as renegociações de dívidas e a postergação dos pagamentos contribuíram para que a crise econômica não refletisse na qualidade dos ativos. Assim, a taxa de inadimplência média da carteira total encerrou agosto em 3,3%, o que representou queda de -0,5 p.p. desde fev/20. Na abertura por tomador, o indicador para PF exibiu, no mesmo período, redução de -0,4 p.p. para PJ e de -0,6 p.p. para PF.