Com a persistência das pressões inflacionárias, o Copom elevou a Meta Selic em 1,00 p.p. para 12,75% a.a., entendendo como apropriado que o aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista e sinalizando um aumento de menor magnitude na próxima reunião. No que tange ao término do ciclo, conferiu uma abertura para possíveis novas elevações, se o quadro assim requerer. Com um balanço de riscos mais simétrico, mostrou ainda preocupação com os efeitos defasados sobre o ritmo de atividade, dado o estágio avançado do ajuste. No cenário externo, houve fortalecimento do dólar com o ceticismo dos investidores em relação aos sinais emitidos pelo Federal Reserve acerca da trajetória da política monetária e do cronograma de redução do seu balanço para que a inflação convirja à meta. Paralelamente, houve elevação do rendimento das T-Notes de 10 anos para 3,12% a.a., alimentando as apostas em quadro recessivo mais à frente. O Dollar Index subiu 0,68% e o real fechou com depreciação de 2,17%, encerrando a semana cotado a R$/US$ 5,08. Ademais, com o forte avanço do dólar e dos preços do petróleo elevaram-se os prêmios ao longo de toda curva de juros, com o swap DI prefixado de 360 dias exibindo ganho de 0,35 p.p. aos 13,36% a.a.. Do lado real, com atraso na divulgação e refletindo os crescimentos de 0,7% da indústria e de 2,1% do varejo ampliado, a despeito da retração de -0,2% dos serviços, o IBC-Br apontou alta de 0,34% em fev/22, na série com ajuste sazonal. Já a produção física industrial de março desacelerou a alta de 0,70% em fev/21 para 0,31%. O setor industrial segue enfrentando grandes desafios com o aprofundamento dos gargalos na oferta global e escassez de matérias primas agravadas pelo conflito no Leste Europeu e a edição de novos lockdowns na China. As vendas de veículos também exibem resultados fracos em 2022, tanto para veículos novos quanto usados, diante da alta dos juros, elevada inflação e desemprego, além do elevado endividamento das famílias que atingiu recorde de 77,7% em abr/22, segundo a CNC. Nesse contexto, foram vendidas 261,5 mil unidades de veículos novos em abr/22, apresentando retração de -6,8% no acumulado do ano frente ao mesmo período de 2021. Para a semana, é importante monitorar as informações da Ata do Copom, os números para o IPCA, PMC, PMS, indicadores de inflação da China e EUA, produção industrial na Zona do Euro e balança comercial chinesa.
Boa leitura!
