Na semana passada, como esperado, o Copom manteve a taxa meta Selic em 13,75% a.a.. A atualização do seu cenário de referência que elevou em 0,2 p.p. as projeções de inflação de 2022 para 6,0%, em 0,2 p.p. de 2023 para 5,0% e em 0,1 p.p. para 3,0% para 2024, não foi suficiente para alterar a trajetória da Selic. No que tange ao futuro da política fiscal, o Copom ratificou que estará atento aos efeitos das variações nos preços de ativos, nas expectativas de inflação e na demanda sobre a dinâmica da inflação prospectiva. Por fim, enfatizou que a política monetária poderá ser ajustada, sem hesitar em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como o esperado. Arrefecendo em relação à alta de 0,59% em out/22 e abaixo das expectativas de um aumento de 0,54%, o IPCA avançou 0,41% em novembro. A taxa acumulada em 12 meses desacelerou de 6,47% a.a. em out/22 para 5,90% a.a., com algum alívio nas medidas de núcleo e no índice de difusão. Com isso, a mediana da projeção para a inflação para 2022 no Boletim Focus recuou -0,13 p.p. para 5,79%, enquanto as estimativas para 2023 e 2024 mantiveram-se, respectivamente, em 5,08% e 3,50%. Em consonância com o indicador internacional de commodities que subiu 0,9% na margem, o IC-Br do Banco Central – que acompanha os preços em reais – subiu 1,3%, interrompendo uma sequência de 5 quedas consecutivas. Os dados do comércio de outubro exibiram uma desaceleração, com a expansão anualizada no varejo restrito saindo de 2,6% a.a. em out/21 para 0,1% a.a. e de 5,8% a.a. para -1,0% no ampliado. Com esse cenário, a projeção do crescimento para 2023 no Focus manteve-se em apenas 0,75%. Em consonância com seus pares, o real perdeu força na semana, de forma que o dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,25, o que representou uma depreciação de 0,53% no período. Porém, o fluxo cambial tem se mostrado positivo, com um saldo acumulado no ano de US$ 22,0 bilhões. Em um cenário de perda de dinamismo na economia, a preocupação fica com a elevada percepção de endividamento e o aumento do percentual de famílias que se declararam sem condições de pagar suas dívidas apontados pela PEIC da CNC, principalmente com a retirada no ano de R$ -109,5 bilhões na caderneta de poupança. Pelo seu potencial impacto na aversão ao risco dos mercados, a decisão de política monetária do FED e os números da inflação ao consumidor nos EUA nessa semana são de extrema importância. Localmente, é fundamental monitorar as informações do Relatório de Inflação do Banco Central, os dados do setor de serviços e o comportamento do IBC-Br.
Boa leitura!