Eventos positivos favoreceram a tomada de risco. Alavancado fundamentalmente pela agropecuária, o PIB do 1T23 surpreendeu positivamente, subindo 1,9% frente ao trimestre anterior. Como consequência, a mediana das estimativas do crescimento do PIB em 2023 avançou de 1,26% para 1,68%, gradativamente deverá se aproximar de 2,0% nas próximas edições. No ano, a taxa de desemprego apontada pela PNAD subiu 0,6 p.p. para 8,5% em abril, o rendimento médio habitual real aumentou 0,3 p.p. e a massa salarial recuou -0,9%. Assim, o consumo das famílias segue desacelerando, de modo que a absorção doméstica contribuiu de forma negativa no PIB, favorecendo a desinflação. A dinâmica favorável está conjugada pela queda das expectativas expressa nos preços das NTN-Bs e reforçada pela evolução dos preços de atacado que em maio apresentavam uma deflação de -7,5% a.a.. Com a leitura desse cenário, a inclinação da curva de juros voltou a se reduzir e o início previsto para a queda da Selic no Focus é setembro, porém a taxa real de juros ex-ante subiu 0,09 p.p. para 7,50% a.a.. No exterior, o encaminhamento para sanção presidencial da proposta de elevação do teto da dívida dos EUA afastou o risco de default, reduzindo dessa forma a aversão ao risco. Contribuíram, também, a interpretação de que os números do payroll seriam positivos para a manutenção da taxa básica de juros na próxima reunião do Federal Reserve e os rumores de que o governo da China criaria estímulos ao setor imobiliário. Ao final da semana, a probabilidade de manutenção da taxa básica de juros era de 75% e as principais bolsas internacionais apontaram ganhos, com destaques para as altas de 2,0% na Nasdaq, Dow Jones e Nikkei 225. Se descolando de seus pares, o real se apreciou em 0,74% no período, com o dólar cotado a R$ 4,96. Para esta semana, atenção para os números detalhados do IPCA e IGP-DI que poderão calibrar as apostas para o começo da flexibilização monetária pelo Banco Central.
Boa leitura!